África – talvez o continente mais vulnerável às alterações climáticas, com cheias e secas que já são sintomas de uma mudança que vem para ficar, em muitos países onde cada habitante emite menos de uma tonelada de dióxido de carbono (menos oito vezes que em Portugal).
A raiva de muitos delegados que hoje se manifestaram ao fim da tarde no interior do Bella Center era bem legítima – sem financiamento, sem capacitação, sem o devido apoio dos países desenvolvidos, que não enriqueça ainda mais alguns indivíduos do continente mas apoie a maioria da população, África sofrerá ainda mais com este problema ambiental… e não merece.
Quercus, no interior do Bella Center, Copenhaga
Os países industrializados chegaram a Copenhaga com o objectivo de enfraquecer as suas metas nacionais através da floresta e uso do solo. Estes países rejeitam a ideia que têm de contabilizar o aumento de emissões proveniente da gestão florestal.
Em vez de se contarem as emissões da gestão florestal e uso do solo a partir de uma base histórica, tal como noutros sectores, estes países dizem que não querem que as emissões futuras das florestas sejam contabilizadas, desde que previstas. Isto é como dizer que as emissões de uma central a carvão não contam para as emissões de um país se essa central já estiver prevista.
Austrália, Canadá e Nova Zelândia já disseram claramente que tencionam aumentar a desflorestação e consequentemente as emissões a ela associadas. Muitos países da União Europeia, incluindo Portugal, estão a pensar fazer o mesmo. Ao alinhar nesta posição, a UE falhou neste momento crucial – até na descrição do que é a “tendência de crescimento” - pondo em causa a transparência necessária nas negociações no sector florestal (LULUCF, na sigla em inglês).
Temos assim mais uma subtil forma de usar a floresta, e a incerteza associada ao seu balanço de emissões, para evitar o que demais urgente devia ser feito, isto é, reduzir a queima de combustíveis fósseis.
Ana Rita Antunes e Francisco Ferreira
Cada maçã são 5 coroas dinamarquesas (menos de 1 Euro) e o rapaz das maçãs percorre certamente vários quilómetros ao longo dos corredores do Bella Center, o centro de conferências onde decorre a reunião. Há quem pague menos aproveitando-se das recepções oferecidas por instituições ou empresas que dinamizam seminários e outros eventos que decorrem em paralelo às sessões negociais formais e informais.
O homem das maçãs ganha protagonismo, porque como é normal nestes primeiros dias, os avanços são poucos… mas os anúncios não param de surgir. Cálculos do Projecto Catalyst e do Instituto Postdam/Ecofys mostram que os 11 a 17% de redução de emissões de gases com efeito de estufa até agora comprometidos pelos países desenvolvidos entre 1990 e 2020 nas últimas semanas são insuficientes para conseguimos assegurar um aquecimento global inferior a 2ºC (em relação à era pré-industrial).
Aliás, assim atingiremos facilmente os 3ºC de aumento de temperatura, com efeitos que serão já considerados catastróficos à escala mundial. Parece pouco: apenas 3 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono são a diferença entre a redução necessária e o actual compromisso. Mas é uma diferença muito grande para o clima. E aí, as maçãs que até são de origem dinamarquesa, talvez dêem lugar a laranjas que outrora ocupavam partes de Portugal.
Francisco Ferreira (em Copenhaga)
Francisco Ferreira em directo a partir de Copenhaga no Bom Dia Portugal de hoje, na RTP:
Abril – Copenhague 2009
Agência de Notícias dos Direitos da Infância – COP15
BBC Brasil: Especial: Cop 15 - Copenhague 2009
Climate change: How to report the story of the century
IISD COP15 Daily Reports
JN – Cimeira de Copenhaga
Media Resources for COP15 from the Worldwatch Institute
MSN Verde – COP15
Planeta Sustentável – Especial COP15
Resources for covering Copenhagen Climate Conference
SEJ - Copenhagen Countdown
Telegraph - Copenhagen climate change conference
TSF – Copenhaga
UNEP News
UOL – COP15
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10 'especiais informação' sobre a COP15Portugal aqueceu 1,2 graus nas últimas décadas e vive fenómenos extremos como chuvadas intensas, ondas de calor e vagas de frio prolongadas, diz o Instituto de Meteorologia. "Os fenómenos extremos podem vir a ter frequência maior do que no passado. Estamos a bater recordes sucessivos de verões mais quentes, ondas de calor mais prolongadas. Nos últimos 30 anos houve uma curva ascendente nas temperaturas médias", alerta Adérito Serrão, presidente do Instituto.
Segundo o especialista, a temperatura média em Portugal subiu 1,2 graus desde 1930, enquanto antes demorara um século para aumentar 0,8 graus. Esta diferença "significativa" explica-se em grande parte pela revolução industrial, que trouxe alterações nas emissões de dióxido de carbono, acrescenta. "Se a projecção [de aumento da temperatura média] se mantiver, terá efeitos graves. Tudo o que ultrapassa os dois graus em relação a 1990 tem consequências com irreversibilidade nos ecossistemas e poderá gerar catástrofes, como aconteceram já no passado, mas com mais intensidade", avisa.
. Listas de Ligações
. 5 links para a cobertura em directo
. 6 links oficiais sobre a COP15
. Outros 15 'especiais informação' sobre a COP 15
. 10 links de informação alternativa
. Sites Oficiais (em inglês)
. Página Oficial da Organização da Conferência
. Página Oficial das Nações Unidas sobre a Conferência
. Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas
. Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas
. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
. Programa das Nações Unidas para o Ambiente
. Organização Meteorológica Mundial
. Documentos (em português)
. Plano Nacional para as Alterações Climáticas
. Plano Nacional de Licenças de Emissão de CO2 (PNALE) 2008-2012