Amanhã, 12 de Dezembro, a meio do decurso da Cimeira do Clima, as organizações não governamentais vão encher as ruas de Copenhaga a pedir um acordo climático justo e ambicioso.
São várias as iniciativas previstas em todo o mundo e também aqui em Copenhaga para apelar aos governos e aos seus lideres que começam a chegar na segunda semana da Cimeira do Clima. Uma primeira manifestação é promovida pelos “Amigos da Terra” às 10h (hora de Copenhaga), partindo de Klimaforum09 / DGI-byen.
A principal concentração vai partir às 13 horas (de Copenhaga) da Praça do Parlamento (Christiansborg) até ao local da Cimeira, onde às 18 horas está prevista uma vigília. A Quercus associou-se a esta iniciativa e que envolve as maiores organizações de ambiente e desenvolvimento bem como o maior número de participantes (523 associações de 67 países, previstas 60 mil pessoas) (http://12dec09.dk/).
Neste Dia Global de Acção pelo Clima (http://www.globalclimatecampaign.org) espera-se que a sociedade civil mostre que é tempo de agir.
Copenhaga, 11 de Dezembro de 2009
A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
O ambíguo nível de ambição da Cimeira de Chefes de Estado, em Bruxelas, foi o que motivou a atribuição
Os líderes europeus tiveram hoje a oportunidade de deixar a sua marca nas negociações em Copenhaga:
- acordando uma meta mais ambiciosa para 2020, pondo dinheiro em cima da mesa para um período de longo prazo;
- assegurando que o montante de financiamento a curto prazo para os países em desenvolvimento é adicional em relação ao já existente; e
- encerrando questões polémicas sobre os créditos de carbono provenientes de floresta e de “ar quente”.
As Organizações Não Governamentais estão satisfeitas com o facto da União Europeia estar a pedir um resultado legalmente vinculativo o mais cedo possível, sendo conhecidos os esforços de alguns países da UE em conseguir um acordo que valha a pena. Contudo, para alcançar um bom acordo em Copenhaga é necessário uma liderança a uma só voz por parte da Europa.
Para além disso, os líderes europeus devem reconsiderar a abordagem defensiva que têm tido até agora e lançar uma carta decisiva antes de entrarmos na recta final de Copenhaga. A Alemanha, em particular, deve compreender que outros países não se vão deixar inspirar por uma União Europeia que aguarda a tomada do próximo passo. Apenas acções corajosas terão respostas.
"União Europeia, paga a tua dívida climática" é a mensagem a reter.
Filmado por: Ana Rita Antunes, Quercus
- Aumento de emissões 1990-2020 dos países desenvolvidos
- Temperatura a aumentar 3,5 ºC
- Países desenvolvidos com metas reduções bem menos ambiciosas que os países em desenvolvimento
Emissões são emissões, mas há muitas formas de fazer as contas. Apesar dos textos que hoje estão a ser apresentados no que respeita aos segmentos da Convenção e Protocolo de Quioto, estão longe do desejável e estão ainda muito em aberto.
O quarto relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) sublinha a necessidade dos países desenvolvidos reduzirem as suas emissões de gases com efeito de estufa entre 25% a 40% até 2020, em relação aos níveis de 1990. Para os países em desenvolvimento é sublinhado, no mesmo relatório, a necessidade destas nações apresentarem um desvio entre 15% a 30% em relação à tendência de crescimento de emissões (ou business as usual, BAU) até 2020. Tal como o IPCC também realça estas metas de mitigação dá ao mundo uma probabilidade de cinquenta por cento de ficar abaixo de um aumento de temperatura de 2º Celsius em relação à era pré-industrial.
Neste momento, na Cimeira do Clima, há uma disparidade lamentável entre o nível de ambição dos países em desenvolvimento e dos países desenvolvidos, onde os primeiros anunciam cortes dentro do necessário estando os segundos longe disso.
(...)
Números importantes:
- Reduções desejáveis para os países desenvolvidos: 40% em 2020, em relação a 1990. (Contudo, até o intervalo de 25% a 40% apontado pelo IPCC parece estar comprometido).
- Cálculos Ecofys e Climate Analytics: países desenvolvidos em conjunto apresentam reduções entre 13% a 19%. Juntando os créditos de emissão da floresta, tal como estão a ser negociados aqui, este valor desce para um intervalo de 8% a 12% de redução de emissões em relação a 1990.
- Adicionando outros créditos e o “ar-quente” (direitos de emissão que passam entre o primeiro período de cumprimento 2008-2012 do Protocolo de Quioto e o após 2012), ficaremos entre uma redução de 2% em relação a 1990 ou mesmo 4% acima de 1990!
- Assim, e neste ponto das negociações, o planeta arriscar-se-ia a enfrentar um aumento de temperatura de 3,5ºC até 2100.
- A União Europeia deveria anunciar uma redução de 30%, na linha do que os líderes do Reino Unido e da França pediram mas que não foi até agora assumido.
- Os Estados Unidos da América, a Rússia e a Austrália estão fora do intervalo de reduções necessárias e o Canadá parece inclusivamente querer aumentar as suas emissões.
Copenhaga, 11 de Dezembro de 2009
Ver comunicado completo aqui
Venha acender uma vela pelo nosso planeta!
12 Dezembro, 17h30
Rossio, em Lisboa
No dia 12 de Dezembro, pessoas de todo o mundo irão unir-se em mais de 3.000 vigilias à luz das velas em cerca de 130 países, por um verdadeiro tratado na cimeira de Copenhaga.
Como parte integrante da acção global, o nosso evento terá lugar na Praça do Rossio, em Lisboa, às 17H30. Todos os participantes irão acender uma vela pelo nosso planeta e irá ser lida uma mensagem de alerta.
Os especialistas dizem que um verdadeiro tratado deverá ser:
a) Justo - 200 mil milhões de dolares em financiamentos ambientais para os países mais pobres.
b) Ambicioso – Um limite máximo de emissões de carbono até 2015 e um nível de segurança de carbono na atmosfera não superior a 350 ppm (parte por milhão).
c) Vinculativo – Com força legal.
Estes eventos em todo o mundo irão culminar numa vigília especial conduzida pelo prémio Nobel da Paz, Desmond Tutu e a antiga comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Mary Robinson, junto à sede da cimeira em Copenhaga.
“A mensagem das pessoas de Lisboa e de todo o mundo para os líderes mundiais é: Queremos um verdadeiro tratado”, diz João Gonçalves, membro da Organização Online Avaaz.org que se encontra a coordenar esta acção global.
“Queremos um acordo que seja suficientemente ambicioso para que o planeta fique mais seguro para todos nós. Que seja justo para os países mais pobres, que não são responsáveis pelas mudanças climáticas, mas que são os mais atingidos. E vinculativo, com metas reais e objectivas que sejam impostas por lei”, acrescenta.
Esta vigília em Lisboa será organizada por João Gonçalves e Ricardo Salta, dois representantes da Avaaz.org em Portugal e será aberta a todos os que se preocupam com o futuro do nosso planeta.
A Quercus - ANCN, que está a acompanhar a Cimeira do Clima directamente a partir de Copenhaga, participará também nesta vígilia, através do Núcleo Regional de Lisboa.
Segundo Francisco Ferreira: "A próxima semana em Copenhaga é decisiva para conseguir um acordo climático que assegure um aumento de temperatura do planeta inferior a 2º Celsius. Para isso é necessário que os países desenvolvidos decidam uma redução de emissões de gases de efeito de estufa perto dos 40% até 2020, em relação a 1990, e que suportem financeiramente os países em desenvolvimento para que estes possam ter um crescimento económico menos assente na queima de combustíveis fósseis e se adaptem à mudança do clima."
O evento será simples, breve e eficaz: Na hora marcada, todos os participantes acenderão uma vela pelo planeta. Simultaneamente, pessoas em todos os cantos do mundo, irão realizar acções similares, desde monges na Índia até a agricultores em França.
Mais informações: www.avaaz.org
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