Ontem, os negociadores presentes na Cimeira de Copenhaga receberam 50 mil postais enviados dos quatro cantos do mundo, apelando à concentração de esforços para um Acordo climático ambicioso e que exclua a energia nuclear. Esta iniciativa pretendeu alertar para as tentativas subtis, por parte dos grupos de interesses, em incluir a energia nuclear no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM, na sigla em inglês), criado no quadro do Protocolo de Quioto.
Esses grupos de pressão têm sido eficazes. Os Acordos de Marraquexe, que excluíram a energia nuclear dos mecanismos flexíveis no quadro do Protocolo de Quioto, são agora complementados por outras opções. Em resultado, o nuclear seria só proibido no próximo período de compromisso ou poderia mesmo tornar-se elegível para os períodos subsequentes, a começar do ano passado!
As Organizações Não Governamentais reiteram que a energia nuclear não é nem limpa nem benéfica para o clima, para além de não ser também uma fonte energética rentável. Apelamos assim aos Chefes de Estado que se abstenham de desviar dinheiro das soluções reais, como as energias renováveis, para o nuclear! A meta aqui é o desenvolvimento sustentável e não projectos perigosos que impliquem investimentos de grande envergadura.
Na primeira foto, o lider do movimento antiglobalização e membro do Parlamento Europeu, Jose Bove, assina o cartaz na acção de entrega dos postais "Don't Nuke the Climate", que decorreu no Bella Center.
Restam pouco mais de três dias para o final da Cimeira de Copenhaga, cujas negociações se encontram num ponto difícil. Os líderes mundiais começam a chegar para as dramáticas decisões finais. O momento pede heroísmo, mas eles não agirão a não ser que a sociedade civil se mobilize.
Assine esta petição em massa por um Acordo real e contribua para o tornar histórico!
Com o tempo a escassear, o desfecho da Cimeira de Copenhaga é ainda incerto. Precisamos de heróis, e rápido. Amanhã, os Presidentes e Primeiros Ministros de todo o mundo chegam a Copenhaga para 60 horas de negociações directas sem precedentes. Cada um decidirá entre dar um heróico passo em frente, ficar calado ou afundar as negociações.
Contudo, os líderes europeus não estão mais na linha da frente, já que fracassaram em acordar novas propostas promissoras que dessem o ponto de partida das negociações. Não é tarde de mais, mas precisamos de um gigante empurrão para pô-los em acção.
O dia de ontem foi marcado por vários eventos e vigílias um pouco por todo o mundo, que chamaram a atenção dos líderes mundiais. Vamos agora erguer um maremoto de pressão pública e tornar esta petição a maior da história nas próximas 72 horas para que seja alcançado um verdadeiro Acordo em Cppenhaga.
Aja agora e passe a mensagem!
A Greenpeace deixou mais um sinal do que poderá acontecer caso não seja assinado um Acordo climático vinculativo, justo e ambicioso em Copenhaga. Ontem, dia 14 de Dezembro, a organização juntou à porta do Parlamento dinamarquês, em Copenhaga, os quatro cavaleiros do Apocalipse, caracterizados de modo a simbolizar, cada um, a morte, a fome, a guerra e a peste - quatro catastrófes que a humidade poderá ter de enfrentar no futuro caso não sejam tomadas medidas fortes para conter as alterações climáticas.
Ver vídeo:
Falou-se já em Mitigação, Adaptação e agora acrescenta-se mais um elemento essencial para levar as negociações de Copenhaga a bom porto:
Financiamento
Na semana passada assistimos à divulgação de uma variedade de propostas tanto por parte de países desenvolvidos como em desenvolvimento. Estas iniciativas são bem-vindas numa altura em que se afiguram como verdadeiramente necessárias. Contudo, as Organizações Não Governamentais gostariam de destacar dois pontos importantes:
Em primeiro lugar, o financiamento de arranque deve ser disponibilizado enquanto parte de um acordo legalmente vinculativo a médio e longo prazo, para que seja possível alcançar o montante de 195 mil milhões de dólares anuais até 2020. Este montante deverá ser adicional aos compromissos no quadro da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (ODA, na sigla em inglês) se o objectivo é contribuir efectivamente para um desenvolvimento sustentável.
Em segundo lugar, este financiamento deve provir de um fundo permanente sob a autoridade e responsabilidade da COP. O acesso directo ao financiamento e a tomada da responsabilidade para com os mais afectados pelas alterações climáticas são também elementos essenciais. Uma vez mais, é necessária clareza quanto às responsabilidades da COP e ainda quanto ao papel que as comunidades mais afectadas vão desempenhar nas propostas apresentadas.
Na última semana, assistiu-se a um renovado entusiasmo relativamente a fontes de financiamento inovadoras, com as atenções a concentrarem-se em questões como a alteração das formas de subsídio dos combustíveis fósseis, direitos especiais de extracção e taxas sobre transacções financeiras. Apesar de ser uma concentração de esforços positiva, estas ideias precisam de deixar o plano das políticas conceptuais e passar para texto exequível.
Falando em texto, as ONGs relembram as Partes que tudo indica que os sectores de aviação e transporte marítimo vão contribuir com 25-37 mil milhões de dólares por ano de financiamento sólido e sustentável, à espera de ser “colhido” até 2020. Trata-se de uma boa altura para esta questão ganhar um novo impulso entre os países aqui presentes. Já que estamos neste ponto, por que não incluir algum financiamento por via do leilão de créditos de emissão excedentes?
Depois de abordada, no post anterior, a Mitigação como um dos temas centrais a colocar em debate para um Acordo em Copenhaga, abordamos agora um segundo elemento, a:
Adaptação
As inevitáveis perdas e danos decorrentes das alterações climáticas devem ser tratadas de forma adequada, já que são resultado da incapacidade de mitigação dos países desenvolvidos. As campanhas/acções de “greenwashing” não podem sacrificar os mais vulneráveis. Como tal, a adaptação é um elemento crucial para um Acordo em Copenhaga.
Recordando alguns estudos em profundidade do Banco Mundial, da Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), entre outros, a Quercus e as demais Organizações Não Governamentais (ONGs) em Copenhaga querem ver em cima da mesa pelo menos 50 mil milhões de dólares para a adaptação dos países em desenvolvimento para o próximo período de compromisso, aumentando para 100 mil milhões de dólares até 2020.
A concessão deste financiamento deve ser mensurável, reportável e verificável. Deve ainda ser adicional aos compromissos já existentes de apoio ao desenvolvimento e não uma promessa repetida dos mesmos. O Fundo para a Adaptação existente deve desempenhar um importante papel na disponibilização deste financiamento e ainda enquanto parte de uma acção imediata.
As ONGs esperam que, à medida que os países em desenvolvimento implementem acções de Adaptação, seja dada prioridade aos povos e comunidades em maior risco devido às alterações climáticas.
Ver Mitigação
À medida que os delegados regressam hoje ao Bella Center, onde decorre a COP15, vão contando já com a companhia de alguns ministros e chefes de Estado. Neste que é o início do período crucial da Cimeira de Copenhaga, quais os temas que merecem maior atenção e debate de modo a alcançar-se um Acordo climático justo, ambicioso e vinculativo?
Estas são as sugestões das Organizações Não Governamentais a acompanhar a COP15, entre as quais a Quercus: Mitigação, Adaptação, Financiamento e Estrutura Jurídica. Comecemos por abordar neste post a:
Mitigação
No sábado passado, a Aliança dos Pequenos Países Insulares (AOSIS, da sigla em inglês) chamou novamente a atenção para a ameaça à sobrevivência de alguns dos seus Estados, bem como de certos países menos desenvolvidos (LDC, da sigla em inglês). Estas nações não estão “a jogar” às negociações. Quando pedem aos países desenvolvidos uma redução de gases de efeito de estufa de 45% em 2020, com base nas emissões de 1990, defendem também o direito à sobrevivência acima da tona da água.
Ainda assim, no arranque da segunda semana de negociações, as ofertas de redução dos países desenvolvidos são dramaticamente baixas. Os cálculos da Ecofys e da Climate Analytics revelam uma redução total de uns tristes 8% a 12%, em comparação com os níveis de 1990. Ao acrescentar os sumidouros florestais e o “ar quente”, a redução proposta pode chegar a uma miserável redução de 2% de emissões em relação a 1990.
A União Europeia não tem ajudado a aumentar este baixo nível de ambição. Podia ter enviado um sinal positivo, elevando o objectivo de redução de emissões, durante a Cimeira dos Chefes de Estado, no final da semana passada. Parece que a última cartada vai continuar reservada para a fase terminal da Conferência.
Mas os níveis de redução anunciados não são o único problema até agora. Muitos países continuam a discussão sobre o ano base de cálculo até agora aceite (1990) e ainda não está decidida a continuação de períodos de cumprimento de cinco anos nem a revisão científica no máximo até 2015 por parte do IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas).
As Organizações Não Governamentais chamarão a atenção dos Ministros e chefes de Estado para os verdadeiros desafios diante deles:
- Elevar os objectivos de redução das emissões até 2020;
- Acabar com os créditos de emissão em excesso provenientes da floresta e do “ar quente” como formas de “escapar” aos limites de emissão associados a um esforço interno;
- Acordar 1990 como o ano base de cálculo e aceitar períodos de comprometimento de cinco anos;
- Impor uma revisão científica de curto prazo.
Ver Adaptação
Venha acender uma vela pelo nosso planeta!
12 Dezembro, 17h30
Rossio, em Lisboa
No dia 12 de Dezembro, pessoas de todo o mundo irão unir-se em mais de 3.000 vigilias à luz das velas em cerca de 130 países, por um verdadeiro tratado na cimeira de Copenhaga.
Como parte integrante da acção global, o nosso evento terá lugar na Praça do Rossio, em Lisboa, às 17H30. Todos os participantes irão acender uma vela pelo nosso planeta e irá ser lida uma mensagem de alerta.
Os especialistas dizem que um verdadeiro tratado deverá ser:
a) Justo - 200 mil milhões de dolares em financiamentos ambientais para os países mais pobres.
b) Ambicioso – Um limite máximo de emissões de carbono até 2015 e um nível de segurança de carbono na atmosfera não superior a 350 ppm (parte por milhão).
c) Vinculativo – Com força legal.
Estes eventos em todo o mundo irão culminar numa vigília especial conduzida pelo prémio Nobel da Paz, Desmond Tutu e a antiga comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Mary Robinson, junto à sede da cimeira em Copenhaga.
“A mensagem das pessoas de Lisboa e de todo o mundo para os líderes mundiais é: Queremos um verdadeiro tratado”, diz João Gonçalves, membro da Organização Online Avaaz.org que se encontra a coordenar esta acção global.
“Queremos um acordo que seja suficientemente ambicioso para que o planeta fique mais seguro para todos nós. Que seja justo para os países mais pobres, que não são responsáveis pelas mudanças climáticas, mas que são os mais atingidos. E vinculativo, com metas reais e objectivas que sejam impostas por lei”, acrescenta.
Esta vigília em Lisboa será organizada por João Gonçalves e Ricardo Salta, dois representantes da Avaaz.org em Portugal e será aberta a todos os que se preocupam com o futuro do nosso planeta.
A Quercus - ANCN, que está a acompanhar a Cimeira do Clima directamente a partir de Copenhaga, participará também nesta vígilia, através do Núcleo Regional de Lisboa.
Segundo Francisco Ferreira: "A próxima semana em Copenhaga é decisiva para conseguir um acordo climático que assegure um aumento de temperatura do planeta inferior a 2º Celsius. Para isso é necessário que os países desenvolvidos decidam uma redução de emissões de gases de efeito de estufa perto dos 40% até 2020, em relação a 1990, e que suportem financeiramente os países em desenvolvimento para que estes possam ter um crescimento económico menos assente na queima de combustíveis fósseis e se adaptem à mudança do clima."
O evento será simples, breve e eficaz: Na hora marcada, todos os participantes acenderão uma vela pelo planeta. Simultaneamente, pessoas em todos os cantos do mundo, irão realizar acções similares, desde monges na Índia até a agricultores em França.
Mais informações: www.avaaz.org
Os vários rumores que circularam nos últimos dias pelos corredores da Cimeira de Copenhaga, pairando sobre as negociações, estão agora clarificados: o infame “texto dinamarquês” viu a luz o dia. Apesar de ter sido sucessivamente negado, ficou agora bem clara para todo o mundo a existência deste documento que é suposto ser um substituto de um acordo real. O que também ficou claro é que este processo de desenvolvimento era totalmente erróneo e, como acontece frequentemente nestes casos, acabou por rebentar nas mãos do seu proponente. Agora, está na altura do Primeiro-Ministro dinamarquês Lokke Rasmussen aprender a lição e continuar em frente.
A Quercus espera que Rasmussen tranque o documento e esconda a chave, de forma a que seja possível continuar as negociações de forma transparente e aberta, em que todas as Partes, incluindo os países mais pobres e vulneráveis, tenham uma voz que não seja ignorada. Só assim haverá realmente hipótese de conseguir um Acordo final justo, igualitário, ambicioso e vinculativo.
O documento que foi dado a conhecer não é nem justo nem ambicioso. Para além disso, não providenciaria o apoio financeiro e tecnológico necessário para com os países em desenvolvimento. Outra falha fatal deste texto é o facto de não ser um trampolim credível para um acordo final juridicamente vinculativo.
O texto dinamarquês foi um pequeno aviso sobre quão feias as coisas podem ficar quando os países começam a negociar uns com os outros na direcção errada. Ficamos a aguardar a chegada de um novo dia e, com ele, de uma maior capacidade de negociadores e ministros se desafiarem mutuamente para alcançar um acordo tendencialmente vinculativo.
Francisco Ferreira relata à TSF as reacções em Copenhaga ao texto dinamarquês: http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1442041
A rede de mobilização global Avaaz lançou um novo apelo aos cidadãos do mundo para que não se esqueçam do que está em jogo na Cimeira de Copenhaga e o relembrem aos Chefes de Estados dos respectivos países.
Os líderes mundiais estarão reunidos em Bruxelas esta quinta e sexta-feira para decidir quão longe estão dispostos a ir para selar um acordo real em Copenhaga.
Por isso, todos os cidadãos são chamados a cumprir o seu dever cívico e a telefonar ou enviar e-mails para os gabinetes dos seus Primeiros-Ministros, fazendo assim pressão para que salvem a Cimeira e ofereçam propostas mais justas e ambiciosas, em vez de simplesmente ficarem a assistir ao desmoronamento do nosso futuro.
Na página http://www.avaaz.org/en/europe_be_a_leader está disponível toda a informação necessária para enviar uma mensagem de apelo aos Chefes de Estado: sugestões sobre o que dizer, os contactos telefónicos correctos e relatórios sobre o balanço das chamadas.
Após anos de preparação, não podemos falhar nestes últimos dias por uma simples falha de liderança. Por isso, está feito o desafio para fazer tudo ao alcance de forma a salvar um Acordo Climático em Copenhaga.
O Jornal Público foi convidado para esta iniciativa pelo diário britânico The Guardian, que tornou este projecto global real, com o objectivo de consolidar uma só voz, forte e unida na urgência de alertar para a necessidade de um Acordo forte em Copenhaga, que enfrente de vez as alterações climáticas.
"É dentro desse espírito que 56 jornais de todo o mundo se uniram sob este editorial. Se nós, com tão diferentes perspectivas nacionais e políticas, conseguimos concordar sobre o que deve ser feito, então certamente os nossos líderes também o conseguirão", lê-se no editorial de hoje do Jornal Público.
Lista de Jornais aderentes: “Süddeutsche Zeitung” - Alemanha,“Gazeta Wyborcza” – Polónia,“Der Standard” - Áustria,“Delo” - Eslovénia,“Vecer” – Eslovénia,“Dagbladet Information” - Dinamarca,“Politiken” - Dinamarca,“Dagbladet” - Noruega,“The Guardian” – Reino Unido,“Le Monde” - França,“Liberation” - França,“La Reppublica” - Itália,“El Pais” - Espanha,“De Volkskrant” – Holanda,“Kathimerini” - Grécia,“Público” - Portugal,“Hurriyet” - Turquia,“Novaya Gazeta” - Rússia,“Irish Times” - Irlanda,“Le Temps” - Suíça, “Economic Observer” - China,“Southern Metropolitan” - China,“CommonWealth Magazine” - Taiwan,“Joongang Ilbo” - Coreia do Sul,“Tuoitre” - Vietname,“Brunei Times” - Brunei,“Jakarta Globe” - Indonésia,“Cambodia Daily” – Camboja,“The Hindu” - Índia,“The Daily Star” - Bangladesh,“The News” - Paquistão,“The Daily Times” - Paquistão,“Gulf News” - Dubai,“An Nahar” – Líbano,“Gulf Times” - Qatar,“Maariv” - Israel,“The Star” – Quénia,“Daily Monitor” - Uganda,“The New Vision” - Uganda,“Zimbabwe Independent” – Zimbabwe,“The New Times” - Ruanda,“The Citizen” - Tanzânia,“Al Shorouk” - Egipto,“Botswana Guardian” – Botswana,“Mail & Guardian” - África do Sul, “Business Day” - África do Sul, “Cape Argus” - África do Sul,“Toronto Star” - Canadá,“Miami Herald” – Estados Unidos,“El Nuevo Herald” – Estados Unidos, “Jamaica Observer” – Jamaica, “La Brujula Semanal” - Nicarágua,“El Universal” - México, “Zero Hora” - Brasil, “Diário Catarinense” - Brasil, “Diario Clarin” - Argentina.
Editorial completo em:
http://www.publico.clix.pt/Sociedade/14-dias-que-vao-definir-a-opiniao-da-historia-sobre-uma-geracao_1412856
As novas propostas dos Estados Unidos da América (EUA) começam a tomar forma e são sem dúvida um elemento fundamental de discussão. Desta vez, ao invés do que se passou em Quioto em 1997, pretende-se ter o trabalho de casa bastante avançado antes de se assumir compromissos internacionais (nomeadamente através da legislação em aprovação no Congresso e Senado). O problema é o quando e o nível de ambição. A passagem de legislação interna que imponha uma redução de emissões de gases com efeito de estufa só deve acontecer no próximo ano e representa muito pouco em relação aos objectivos mínimos de esforço para os países desenvolvidos. Na prática, os EUA apontam para reduzir em 17% as suas emissões entre 2005 e 2020, mas tal significa 4-5% em relação a 1990 - ano base de comparação - o que de acordo com as propostas científicas formuladas pelo próprio actual líder negociador dos EUA, Jonathan Pershing, enquanto cientista, são de 25 a 40% entre 1990 e 2020. Vários cenários são possíveis em termos de metas e de finalização: uma possibilidade é o adiamento do acordo final para os próximos meses, apesar de ficar já praticamente finalizado em Copenhaga, e outra é a admissão que o caminho a percorrer pelos EUA não pode ser tão exigente desde já (mas comprometendo assim os objectivos de haver um pico de emissões ainda antes de 2020).
Francisco Ferreira
Pontos Essenciais para um acordo justo, ambicioso e vinculativo em Copenhaga
A Rede Internacional de Acção Climática, composta por mais de 500 organizações em todo o mundo entre elas a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, lança hoje os elementos essenciais para um Acordo de Copenhaga completo e robusto.
Este documento define “as acções necessárias para evitar as catástrofes associadas às alterações climáticas, enquanto também sustenta a economia global e a adaptação às alterações climáticas que já não se podem evitar”, diz David Turnbull, Director da Rede de Acção Climática Internacional (CAN-I, na sigla em inglês). “A ciência é clara. E este é o critério para medir o nível de ambição do acordo dos líderes em Copenhaga”, acrescenta.
Francisco Ferreira, Vice-Presidente da Quercus, considera que “as propostas agora feitas pelas organizações não governamentais devem ser seriamente ponderadas por cada um dos Governos, incluindo o de Portugal, pois são a garantia mínima de que as alterações climáticas não representarão um custo demasiado elevado para as próximas gerações”.
Esta lista de pontos essenciais intitulada “Alterações Climáticas: Pontos essenciais para um acordo climático justo, ambicioso e vinculativo em Copenhaga” serve como painel de pontuação aos observadores que seguirem o progresso das negociações de Copenhaga e a avaliação dos resultados. Os pontos essenciais desta lista incluem:
- Um comprometimento para manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC, com o pico de emissões entre 2013 e 2017 e as concentrações de CO2 abaixo de 350 ppm.
- Os países industrializados, em conjunto, devem-se comprometer com uma meta de redução das suas emissões de gases de efeito de estufa superior a 40% até 2020 em relação aos valores de 1990. Este objectivo deve ser alcançado maioritariamente por reduções internas.
- Os países em desenvolvimento devem ser apoiados no esforço de limitar as suas emissões industriais e reduzir substancialmente as suas emissões em relação à tendência actual.
- As emissões da desflorestação de degradação florestal devem ser reduzidas para zero, até 2020, com apoio financeiro dos países desenvolvidos de pelo menos 35 mil milhões de dólares por ano.
- Os países desenvolvidos devem providenciar pelo menos 195 mil milhões de dólares em financiamento público anual até 2020 e em adição à já existente ajuda pública ao desenvolvimento, para acções nos países em desenvolvimento.
- Os resultados de Copenhaga devem ser juridicamente vinculativos e viáveis: propõe-se um segundo período de cumprimento do Protocolo de Quioto; um acordo complementar que preveja metas exequíveis para os Estados Unidos da América comparáveis às dos demais países desenvolvidos; acções pelos países em desenvolvimento.
A Rede de Acção Climática (CAN, da sigla em inglês), da qual a Quercus faz parte, é uma rede de organizações ambientais e de desenvolvimento que trabalham juntas com o objectivo de limitar as alterações climáticas a níveis sustentáveis. O documento representa a posição global desta Rede. Cada membro tem as suas posições individuais.
Mais informações em www.climatenetwork.org.
Download do documento: Pontos essenciais pra Copenhaga
Lisboa, 24 de Novembro de 2009
NEM NUCLEAR, NEM EFEITO DE ESTUFA!
Campanha internacional 2009 - Cimeira de Copenhaga sobre o clima
A Quercus faz parte das 271 organizações de 37 países que apoiam a campanha cívica "Don’t nuke the climate!" e recusam assim o nuclear como « solução » para as alterações climáticas.
O nuclear está excluido, no Protocolo de Quioto, como solução para a redução das emissões de gás com efeito de estufa (GEE). Esta campanha pretende que em Copenhaga esta tecnologia perigosa, poluente e cara continue fora dos regulamentos sobre as emissões de GEE, embora reconheça que a pressão da indústria será grande.
"Recorrer a ele, é condenar, pois, ao fracasso a luta contra as alterações climáticas", diz a organização da campanha em comunicado.
Como alternativa, deverão ser colocadas em prática "verdadeiras soluções", como a eficiência energética, a poupança de energia, as energias renováveis, o combate à desflorestação, a agricultura sustentável, etc.
A 12 de Dezembro, dia internacional "Don’t nuke the climate!" decorrerão em todo o mundo centenas de acções para apoiar estas exigências.
Até lá, fica o apelo a todos os cidadãos do mundo para assinar a petição "Don't nuke the climate!", disponível em www.dont-nuke-the-climate.org
A Greenpeace lançou hoje, dia 12 de Novembro, um apelo ao presidente norte-americano, Barack Obama, para travar a desflorestação na Indonésia, através da colocação de uma faixa gigante numa floresta de Sumatra (na imagem). Obama visita, pela primeira vez, a China entre 15 a 18 de Novembro, sendo o dossier ambiental um dos pontos a discutir com o seu homólog chinês, Hu Jintao. Entretanto, continua a contagem decrescente para a Cimeira de Copenhaga, a menos de um mês.
Foto: REUTERS/HO/Greenpeace/John Novis
De acordo com uma sondagem realizada em 20 países desenvolvidos e em desenvolvimento, tornada pública ontem, as políticas ambientais adoptadas pelos Estados Unidos e China de combate ao aquecimento global são reprováveis.
42% e 41% dos inquiridos aponta o dedo à postura ambiental de Pequim e Washington, respectivamente, no que respeita ao dossier ambiental.
Realizada entre Abril e Maio, esta sondagem contou com a participação de 20.349 pessoas de 20 nações, que representam quase dois terços (63%) da população mundial. O instituto Opinião Pública Mundial (World Public Opinion), responsável pelo inquérito, foi criado em 2006 no sentido de dar a conhecer a opinião dos cidadãos mundiais sobre assuntos do contexto internacional.
Divulgada a poucos dias de Barack Obama, presidente norte-americano, visitar a China, na terça e quarta-feira, esta sondagem ganha ainda mais relevância visto que o tema em discussão com o seu homólogo chinês Hu Jintao, será o combate às alterações climáticas.
Cada vez mais perto está também a Cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas em Dezembro, que juntará em Copenhaga 192 países, na esperança de acordarem um novo acordo internacional para a redução das emissões de gases com efeito de estufa. Nesta contenda, o contributo dos Estados Unidos e da China (que juntos representam mais de 40% das emissões globais de dióxido de carbono) é essencial para se conseguir ultrapassar o impasse das negociações.
A Greenpeace manifestou-se na passada sexta-feira, dia 6 de Novembro, em Barcelona, numa acção de protesto em relação à estagnação das tentativas negociais rumo a um acordo em Copenhaga.
Depois de uma semana de alguma expectativa, a palavra de ordem agora é frustração.
Foto: Greenpeace
PÚBLICO
06.11.2009
Ricardo Garcia
"Um novo tratado para substituir o Protocolo de Quioto vai necessitar de um período suplementar de até um ano para ser negociado, além da cimeira climática de Copenhaga, em Dezembro. Esta ideia emergiu ontem quase como uma certeza, depois de mais um dia de negociações lentas e mesmo com a pré-aprovação de uma lei para reduzir as emissões de carbono dos EUA.
Em Barcelona, onde termina hoje mais uma ronda negocial prévia a Copenhaga, o sentimento geral é o de que é impossível chegar a um acordo num mês. "Ainda há muito trabalho a fazer", disse o chefe da delegação da Comissão Europeia, Artur Runge-Metzger, citado pela agência Reuters. O que se espera de Copenhaga, agora, é um acordo "politicamente vinculativo", ao invés de um tratado "legalmente vinculativo"."
Ver a notícia completa em:
Na imagem podemos ver dezenas de despertadores colocados por activistas no passado dia 4 de Novembro no edifício em Barcelona onde decorrem as negociações climáticas, no âmbito da campanha "tck tck tck", da Global Campaign for Climate Action.
FOTO: ALBERT GEA/REUTERS
Uma garrafa abandonada junto ao reservatório de Barros de Luna, na província espanhola de Castela-Leão, a 3 de Novembro. O tempo para negociar um Acordo climático que suceda ao Protocolo de Quioto está a esgotar-se.
FOTO: REUTERS/ELOY ALONSO
No dia 29 de Outubro, vários activistas oriundos de vários países europeus e africanos, manifestaram-se em Bruxelas, pedindo aos líderes europeus que saldem a "dívida climática" da União Europeia.
FOTO: YVES HERMAN/REUTERS
Activistas da Greenpeace em cima de uma grua, em cima de um banner onde se pode ser "Protecção das Florestas = Solução Climática". Foto tirada no porto de Montoir-de-Bretagne, no dia 29 de Outubro. Com esta acção, a Greenpeace protestou contra a chegada do navio de carga Izmir Castle, que transportava 15 mil toneladas de derivados de óleo de palma da Indonésia, que seriam utilizados como ração para gado.
FOTO: REUTERS/STEPHANE MAHE
Num lago em Jacarta, Indonésia, várias imagens com as caras dos líderes mundiais foram colocadas por activistas no dia 29 de Agosto. Na imagem pode-se ver o Primeiro-Ministro canadiano Stephen Harper, o Presidente francês Nicolas Sarkozy, o Presidente Russo Dmitry Medvedev e o Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama.
Este protesto pretendeu ser um apelo aos países desenvolvidos para se comprometerem a uma ra reduzir de forma significativa as suas emissões de gases com efeito de estufa.
FOTO: SUPRI/REUTERS
PÚBLICO
04.11.2009
Rita Siza, Washington
"Os líderes da União Europeia estiveram ontem em Washington para fundar, com a Administração dos Estados Unidos, um novo Conselho de Cooperação para a Energia, que será um fórum permanente de nível ministerial para fomentar a colaboração dos dois blocos transatlânticos em termos de eficiência e segurança energética. (...)"
Ver a notícia completa em:
http://ecosfera.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1408239
Entre 2 e 6 de Novembro, os delegados de 175 países estarão reunidos em Barcelona, Espanha, num último encontro antes da Conferência de Copenhaga cujo objectivo é tentar desbravar caminho para as negociações climáticas de Dezembro, conseguindo opções claras quanto aos principais pontos do futuro acordo.
© Greenpeace
Aproveitando esta Conferência de alto nível, a Greenpeace fez-se manifestar colocando uma faixa pelo Clima na igreja da Sagrada Família, ícone da cidade, num apelo aos líderes mundiais que tomem as decisões acertadas.
Segundo a Greenpeace, mais de 20 activistas estenderam uma faixa de 600 metros quadrados na fachada da Sagrada Família com a mensagem 'World leaders make the climate call'".
Ver vídeo:
Hoje começa em Barcelona, a última das diversas reuniões que ao longo deste ano têm reunido os diversos países no quadro da ONU antes da reunião da Convenção do Clima em Copenhaga, em Dezembro.
Os pontos cruciais em discussão e a posição das organizações não governamentais de ambiente centram-se no seguinte:
- Necessidade de redução das emissões em 40% dos países desenvolvidos (do Anexo I do Protocolo de Quioto), em 2020, com base nos níveis de 1990;
- Neutralizar o impacto das emissões de mudanças do solo e florestas nas metas dos países desenvolvidos (e no Anexo I);
- Definir montantes e compromissos para financiamento novo e adicional de acções de mitigação e adaptação às alterações climáticas, para os países em desenvolvimento;
- Não permitir a dupla contabilização na redução de emissões dos sistemas de financiamento e mitigação, incluindo a utilização de créditos externo de emissões;
- Clarificar a discussão sobre o processo de um novo protocolo climático pos-2012;
- Determinar a fonte de financiamento associado a sectores internacionais específicos (aviação e transporte marítimo);
- Retirar de discussão todas as opções políticas inviáveis;
- Ponderar quem é o líder nas discussões técnicas sobre estes assuntos, incluindo o novo mandato sobre financiamento da União Europeia;
- E claro, acima de tudo um texto com menção explicita de metas de redução obrigatórias a cumprir.
. Listas de Ligações
. 5 links para a cobertura em directo
. 6 links oficiais sobre a COP15
. Outros 15 'especiais informação' sobre a COP 15
. 10 links de informação alternativa
. Sites Oficiais (em inglês)
. Página Oficial da Organização da Conferência
. Página Oficial das Nações Unidas sobre a Conferência
. Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas
. Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas
. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
. Programa das Nações Unidas para o Ambiente
. Organização Meteorológica Mundial
. Documentos (em português)
. Plano Nacional para as Alterações Climáticas
. Plano Nacional de Licenças de Emissão de CO2 (PNALE) 2008-2012