Nunca desperdice uma boa crise, diz o adágio. Na passada quarta-feira, dia 4 de Novembro, o Instituto Internacional para Análise Aplicada de Sistemas (IIASA, na sigla em inglês), apresentou um novo estudo destacando os prós e contras das acções de mitigação dos países do Anexo I (países industrializados), baseados nos efeitos da crise económica. O estudo utiliza projecções pós-crise do PIB (Produto Interno Bruto) baseadas na avaliação energética mundial para 2009 da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Pontos principais:
- Em 2020, as emissões dos países do Anexo I estarão 6% abaixo dos níveis do ano de referência (1990)
- A implementação das mais ambiciosas promessas dos países do Anexo I teria um custo entre -0.03% e 0.01% do PIB.
- O preço do carbono estabiliza nos 3€ por tonelada.
- Seria possível alcançar uma redução extra de 10% com esse preço de equilíbrio das licenças de emissão de carbono. (menos 27% em vez de 17% em relação aos níveis de 1990).
- As metas de redução alguns países estão bem acima das suas emissões no cenário de referência, o que poderia criar um novo excedente de direitos de emissões.
Por outras palavras, é agora muito mais fácil cumprir as metas de redução de emissões necessárias. O mundo precisa de investimento nas infra-estruturas do século XXI – energias renováveis, redes energéticas eficientes e transportes colectivos. A revolução económica de que precisamos pode gerar emprego nos sectores económicos afectados pela sucessiva vaga de desemprego. E nós podemos salvar o clima, que está de momento na rota para a catástrofe. Por isso, a crise económica acaba por ser uma oportunidade de actuar já, embora isso implique fazer escolhas.
Para o benefício de todas as partes, a tabela em baixo apresenta novos modelos económicos sobre os custos da meta de redução de 30% da União Europeia, à luz da crise actual.
E o que é válido para a União Europeia é também válido para os países do Anexo I como um todo: os tectos de emissões definidos para um mundo pré-crise podem facilmente ser outra vez estreitados num mundo pós-crise, em benefício quer do clima quer da economia.
Fonte | Objectivo | Comentário |
New Energy Finance | -30% | Menos 203 mil milhões de euros em relação ao apresentado em Fevereiro de 2008 |
Cambridge (para o Climate Group) | -30% | +1.3% do PIB (i.e. impacto positivo na economia devido ao aumento de investimentos livres de carbono e de ganhos em eficiência energética) |
IIASA 2009, baseado na avaliação do IEA 2009 | -30% | Menos 0.03% a 0.01% do PIB (i.e. custos negativos) |
(Barcelona, ECO 5, 6 de Novembro 2009)
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