A Greenpeace manifestou-se na passada sexta-feira, dia 6 de Novembro, em Barcelona, numa acção de protesto em relação à estagnação das tentativas negociais rumo a um acordo em Copenhaga.
Depois de uma semana de alguma expectativa, a palavra de ordem agora é frustração.
Foto: Greenpeace
PÚBLICO
06.11.2009
Ricardo Garcia
"Um novo tratado para substituir o Protocolo de Quioto vai necessitar de um período suplementar de até um ano para ser negociado, além da cimeira climática de Copenhaga, em Dezembro. Esta ideia emergiu ontem quase como uma certeza, depois de mais um dia de negociações lentas e mesmo com a pré-aprovação de uma lei para reduzir as emissões de carbono dos EUA.
Em Barcelona, onde termina hoje mais uma ronda negocial prévia a Copenhaga, o sentimento geral é o de que é impossível chegar a um acordo num mês. "Ainda há muito trabalho a fazer", disse o chefe da delegação da Comissão Europeia, Artur Runge-Metzger, citado pela agência Reuters. O que se espera de Copenhaga, agora, é um acordo "politicamente vinculativo", ao invés de um tratado "legalmente vinculativo"."
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Na imagem podemos ver dezenas de despertadores colocados por activistas no passado dia 4 de Novembro no edifício em Barcelona onde decorrem as negociações climáticas, no âmbito da campanha "tck tck tck", da Global Campaign for Climate Action.
FOTO: ALBERT GEA/REUTERS
Uma garrafa abandonada junto ao reservatório de Barros de Luna, na província espanhola de Castela-Leão, a 3 de Novembro. O tempo para negociar um Acordo climático que suceda ao Protocolo de Quioto está a esgotar-se.
FOTO: REUTERS/ELOY ALONSO
No dia 29 de Outubro, vários activistas oriundos de vários países europeus e africanos, manifestaram-se em Bruxelas, pedindo aos líderes europeus que saldem a "dívida climática" da União Europeia.
FOTO: YVES HERMAN/REUTERS
Activistas da Greenpeace em cima de uma grua, em cima de um banner onde se pode ser "Protecção das Florestas = Solução Climática". Foto tirada no porto de Montoir-de-Bretagne, no dia 29 de Outubro. Com esta acção, a Greenpeace protestou contra a chegada do navio de carga Izmir Castle, que transportava 15 mil toneladas de derivados de óleo de palma da Indonésia, que seriam utilizados como ração para gado.
FOTO: REUTERS/STEPHANE MAHE
Num lago em Jacarta, Indonésia, várias imagens com as caras dos líderes mundiais foram colocadas por activistas no dia 29 de Agosto. Na imagem pode-se ver o Primeiro-Ministro canadiano Stephen Harper, o Presidente francês Nicolas Sarkozy, o Presidente Russo Dmitry Medvedev e o Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama.
Este protesto pretendeu ser um apelo aos países desenvolvidos para se comprometerem a uma ra reduzir de forma significativa as suas emissões de gases com efeito de estufa.
FOTO: SUPRI/REUTERS
Os ecossistemas contêm e possibilitam a existência de vida no nosso planeta, sendo a sua suprema importância reconhecida n o Artigo nº 2 da Convenção [Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas]. No entanto, o reconhecimento do valor fundamental que os ecossistemas representam pode ser esquecido à medida que as negociações avançam e os textos ficam consolidados – e aqui especialmente, nem sempre menos texto é a melhor solução!
Para prevenir esta perda, o texto do Long-term Cooperative Action sobre adaptação precisa de: (1) incluir o reconhecimento do papel dos ecossistemas, das suas funções e serviços na adaptação às alterações climáticas; (2) reconhecer o papel da biodiversidade e especificamente dos serviços que os ecossistemas podem providenciar no suporte da adaptação da humanidade às alterações climáticas (também conhecido como adaptação baseada em ecossistemas); (3) mencionar particularmente os ecossistemas mais vulneráveis como acção prioritária.
É fundamental compreender o papel dos sistemas naturais para superar as adversidades das alterações climáticas. Se as iniciativas de adaptação ignorarem ou provocarem ainda mais danos nos ecossistemas, as comunidades mais pobres serão as mais afectadas e perder-se-á sua capacidade de adaptação.
Uma abordagem através dos ecossistemas tem de ter em conta as suas funções vitais e o valor dos bens e serviços ecológicos que fornecem, em todos os campos. Isto é particularmente importante na gestão de recursos e infra-estruturas. Esta abordagem promove a gestão integrada do uso do solo, da água e da biodiversidade e apoia a conservação e sustentabilidade de uma forma equitativa.
Uma estratégia de adaptação baseada nos ecossistemas está fortemente ligada à preservação da integridade dos sistemas naturais ameaçados pelas alterações climáticas, e ao reforço da protecção e sustento das comunidades humanas.
Barcelona, ECO 2, 3 de Novembro 2009
Entre 2 e 6 de Novembro, os delegados de 175 países estarão reunidos em Barcelona, Espanha, num último encontro antes da Conferência de Copenhaga cujo objectivo é tentar desbravar caminho para as negociações climáticas de Dezembro, conseguindo opções claras quanto aos principais pontos do futuro acordo.
© Greenpeace
Aproveitando esta Conferência de alto nível, a Greenpeace fez-se manifestar colocando uma faixa pelo Clima na igreja da Sagrada Família, ícone da cidade, num apelo aos líderes mundiais que tomem as decisões acertadas.
Segundo a Greenpeace, mais de 20 activistas estenderam uma faixa de 600 metros quadrados na fachada da Sagrada Família com a mensagem 'World leaders make the climate call'".
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Hoje começa em Barcelona, a última das diversas reuniões que ao longo deste ano têm reunido os diversos países no quadro da ONU antes da reunião da Convenção do Clima em Copenhaga, em Dezembro.
Os pontos cruciais em discussão e a posição das organizações não governamentais de ambiente centram-se no seguinte:
- Necessidade de redução das emissões em 40% dos países desenvolvidos (do Anexo I do Protocolo de Quioto), em 2020, com base nos níveis de 1990;
- Neutralizar o impacto das emissões de mudanças do solo e florestas nas metas dos países desenvolvidos (e no Anexo I);
- Definir montantes e compromissos para financiamento novo e adicional de acções de mitigação e adaptação às alterações climáticas, para os países em desenvolvimento;
- Não permitir a dupla contabilização na redução de emissões dos sistemas de financiamento e mitigação, incluindo a utilização de créditos externo de emissões;
- Clarificar a discussão sobre o processo de um novo protocolo climático pos-2012;
- Determinar a fonte de financiamento associado a sectores internacionais específicos (aviação e transporte marítimo);
- Retirar de discussão todas as opções políticas inviáveis;
- Ponderar quem é o líder nas discussões técnicas sobre estes assuntos, incluindo o novo mandato sobre financiamento da União Europeia;
- E claro, acima de tudo um texto com menção explicita de metas de redução obrigatórias a cumprir.
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