Nova Directiva de Edifícios nada faz para reduzir o seu consumo
Foi conhecida na passada terça-feira, dia 17 de Novembro, a decisão sobre a revisão da Directiva Europeia de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD, sigla em inglês), com um final decepcionante para a Quercus e as demais Organizações Não Governamentais de Ambiente europeias. O texto final acordado não reflecte a ambição nem a urgência necessária para pôr termo ao desperdício de energia que existe nos edifícios europeus.
Num sector que é responsável por 40% da energia final consumida na União Europeia (UE) e por 36% das emissões de gases de efeito de estufa, são necessárias medidas concretas para melhorar o parque edificado, sendo este um ponto determinante para alcançar as metas europeias de redução de emissões.
A EPBD, adoptada em 2002, está a ser implementada pelos Estados-Membros, sendo Portugal um dos casos de sucesso no arranque deste processo. No entanto, a existência de lacunas na referida Directiva conduziu à apresentação de propostas de revisão no sentido de ampliar a abrangência e melhorar a sua eficácia.
O texto que saiu do processo de “trílogo” na UE apresenta alguns melhoramentos mas peca por não aproveitar esta excelente oportunidade de trazer o sector da construção para o século XXI. Com as melhorias na fase de projecto e a aposta na energia passiva e energias renováveis, os novos edifícios não vão consumir praticamente energia a partir de 2020. Apesar deste ser um ponto positivo a destacar, as novas construções representam apenas 1% de todo o parque edificado.
Perdeu-se uma grande oportunidade de reduzir consumo energético dos edifícios existentes. Na ausência de metas obrigatórias definidas, fica a cargo dos Estados-Membros tomar medidas para transformar os edifícios existentes em edifícios “quase zero” consumidores de energia.
Tendo em conta a pouca eficácia na actual implementação da Directiva por parte dos Estados-Membros, será imperativo trabalhar vigorosamente a nível nacional para assegurar que os planos de cada país são tão ambiciosos quanto possível.
Infelizmente, não há nada que garanta o melhoramento dos regulamentos de edifícios por parte dos Estados-Membros.
Lisboa, 19 de Novembro de 2009
A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Nunca desperdice uma boa crise, diz o adágio. Na passada quarta-feira, dia 4 de Novembro, o Instituto Internacional para Análise Aplicada de Sistemas (IIASA, na sigla em inglês), apresentou um novo estudo destacando os prós e contras das acções de mitigação dos países do Anexo I (países industrializados), baseados nos efeitos da crise económica. O estudo utiliza projecções pós-crise do PIB (Produto Interno Bruto) baseadas na avaliação energética mundial para 2009 da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Pontos principais:
- Em 2020, as emissões dos países do Anexo I estarão 6% abaixo dos níveis do ano de referência (1990)
- A implementação das mais ambiciosas promessas dos países do Anexo I teria um custo entre -0.03% e 0.01% do PIB.
- O preço do carbono estabiliza nos 3€ por tonelada.
- Seria possível alcançar uma redução extra de 10% com esse preço de equilíbrio das licenças de emissão de carbono. (menos 27% em vez de 17% em relação aos níveis de 1990).
- As metas de redução alguns países estão bem acima das suas emissões no cenário de referência, o que poderia criar um novo excedente de direitos de emissões.
Por outras palavras, é agora muito mais fácil cumprir as metas de redução de emissões necessárias. O mundo precisa de investimento nas infra-estruturas do século XXI – energias renováveis, redes energéticas eficientes e transportes colectivos. A revolução económica de que precisamos pode gerar emprego nos sectores económicos afectados pela sucessiva vaga de desemprego. E nós podemos salvar o clima, que está de momento na rota para a catástrofe. Por isso, a crise económica acaba por ser uma oportunidade de actuar já, embora isso implique fazer escolhas.
Para o benefício de todas as partes, a tabela em baixo apresenta novos modelos económicos sobre os custos da meta de redução de 30% da União Europeia, à luz da crise actual.
E o que é válido para a União Europeia é também válido para os países do Anexo I como um todo: os tectos de emissões definidos para um mundo pré-crise podem facilmente ser outra vez estreitados num mundo pós-crise, em benefício quer do clima quer da economia.
Fonte | Objectivo | Comentário |
New Energy Finance | -30% | Menos 203 mil milhões de euros em relação ao apresentado em Fevereiro de 2008 |
Cambridge (para o Climate Group) | -30% | +1.3% do PIB (i.e. impacto positivo na economia devido ao aumento de investimentos livres de carbono e de ganhos em eficiência energética) |
IIASA 2009, baseado na avaliação do IEA 2009 | -30% | Menos 0.03% a 0.01% do PIB (i.e. custos negativos) |
(Barcelona, ECO 5, 6 de Novembro 2009)
A agência intergovernamental União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês), aprovou a criação de um carregador universal energeticamente eficiente compatível com todos os telemóveis, independentemente da marca e do modelo. Para além de reduzir em cerca de 50% o consumo de energia durante o carregamento, esta inovação permitirá também eliminar 51 mil toneladas de carregadores em desuso, com a consequente redução de 13,6 milhões de toneladas de emissões de GEE anuais.
Esta medida está integrada na preparação do Acordo que se espera ser assinado em Copenhaga, durante a Cimeira para as Alterações Climáticas, que decorrerá entre 7 e 18 de Dezembro na capital dinamarquesa.
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