Entrevista a Francisco Ferreira, no Telejornal das 20h:
Posição da Quercus sobre o Acordo de Copenhaga (antes da eventual aprovação do mesmo em Plenário da Convenção):
Este acordo é uma falsa partida e não é claro que tenha o apoio dos todos os líderes mundiais. Apesar do que os líderes políticos estão a dizer neste momento, este desenvolvimento não torna o trabalho quase feito: está longe de ser justo e vinculativo. Este acordo tem muitas lacunas reconhecidas aliás publicamente no momento do seu anúncio.
Os líderes falharam em conseguir um verdadeiro acordo como prometido. Ignoraram a ciência e guiaram-se por interesses nacionais. Estamos perante um atraso com muitos custos, que podem ser medidos em vidas humanas e em dinheiro perdido.
O financiamento acordado representa menos que os subsídios dos países às indústrias de combustíveis fósseis. Os objectivos para reduzir a poluição mantêm-nos no caminho que a ciência diz levar a um aumento catastrófico de temperatura.
Na melhor das hipóteses, estamos agora confrontados com um atraso mortal que significa uma tragédia desnecessária para milhões de famílias. Os impactos vão fazer-se sentir em todos os países e mais drasticamente nas populações mais pobres dos países em desenvolvimento.
Os líderes mundiais precisam de repensar este acordo. Tal como está, irá desmoronar-se assim que analisado com mais atenção. É preciso os líderes mundiais reunirem-se novamente antes de Junho para resolverem os assuntos que ficaram pendentes agora.
Sobre a União Europeia
Na opinião da Quercus, é fundamental que a União Europeia se comprometa unilateralmente com uma redução de 20 para 40% das suas emissões de gases com efeito de estufa entre 1990 e 2020 (30% de esforço interno), dado que os a recessão económica e financeira reduziram significativamente os custos das medidas associadas.
A União Europeia deveria desde já ter assegurado a continuação do Protocolo de Quioto para um segundo período pós-2012 e foi demasiado passiva em termos negociais, apesar de reconhecermos a sua liderança. A União Europeia deve confirmar que o processo negocial deve seguir de modo firme o caminho da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Deve também clarificar que a contribuição financeira aos países em desenvolvimento acordada em Copenhaga é adicional.
Copenhaga, 19 de Dezembro de 2009
A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Depois do impasse de quarta-feira, “com os Estados Unidos e a China em conflito e a Europa a ver o jogo passar de um lado para o outro", conta
Entretanto, a Quercus reuniu hoje com o Secretário de Estado do Ambiente, a quem manifestou preocupação pela indefinição quanto à forma de contabilização florestas depois de 2012, uma vez que, não conhecendo estas emissões, dificilmente se conseguirá ter números finais de redução. A indefinição quanto aos créditos de emissão e a falta de avanço nas negociações relacionadas com as emissões causadas pelo transporte marítimo e pela aviação foram outras das preocupações transmitidas pelos ambientalistas ao ministério.
A Quercus e a Rede Europeia de Acção Climática estão neste momento em reunião com a Sra. Ministra do Ambiente e Ordenamento do Território, Dulce Pássaro e com o Secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, neste que é o penúltimo dia da Conferência sobre Alterações Climáticas em Copenhaga.
Da parte da Quercus estará presente Francisco Ferreira, Vice-Presidente da associação, e Ana Rita Antunes, coordenadora na associação das áreas da energia e alterações climáticas. Da parte da Rede Europeia de Acção Climática deverá participar o Director, Mathias Duwe, se lhe for permitida a entrada no Bella Center. Em causa estarão as posições portuguesa e europeia e a análise da Quercus e das organizações não governamentais de ambiente sobre os trabalhos e as características de um eventual acordo final da Conferência.
Foi igualmente solicitado um breve encontro com o Sr. Primeiro-Ministro, José Sócrates, que discursará no Plenário ao fim da tarde de quinta-feira aqui em Copenhaga, aguardando-se ainda a confirmação dessa possibilidade e respectivo horário.
Acompanhe tudo o que se passa na Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas em Copenhaga através deste blogue e do twitter QuercusCOP15.
Dos cerca de 20 mil observadores das Organizações Não Governamentais a acompanhar a Cimeira de Copenhaga, apenas uma pequena fatia poderá estar presente na sala principal da Conferência nos três dias que faltam para o fim e que se afiguram decisivos.
Os lugares são limitados e como tal apenas 30% destes participantes poderão ter assento, hoje e amanhã, dias 15 e 16 de Dezembro, no centro de conferências. Já na 5ª feira, este valor desce para apenas mil e na 6ª feira, o dia final, só 90 observadores poderão assistir ao desenlace final.
A Quercus considera que este corte de lugares limita drasticamente a participação da sociedade civil e, como tal, contribui para o descrédito da própria conferência, dado que o acompanhamento, influência, avaliação, e construção de soluções, sem representantes de organizações não governamentais, vai contra o espírito das próprias Nações Unidas nesta matéria. Uma carta formal foi ontem entregue ao Secretário Executivo da Convenção e à Ministra Dinamarquesa que preside à Conferência.
No entanto, por estar integrada na delegação portuguesa em Copenhaga, a Quercus não será afectada por este racionamento de lugares e continuará a acompanhar de perto a Cimeira.
"União Europeia, paga a tua dívida climática" é a mensagem a reter.
Filmado por: Ana Rita Antunes, Quercus
Venha acender uma vela pelo nosso planeta!
12 Dezembro, 17h30
Rossio, em Lisboa
No dia 12 de Dezembro, pessoas de todo o mundo irão unir-se em mais de 3.000 vigilias à luz das velas em cerca de 130 países, por um verdadeiro tratado na cimeira de Copenhaga.
Como parte integrante da acção global, o nosso evento terá lugar na Praça do Rossio, em Lisboa, às 17H30. Todos os participantes irão acender uma vela pelo nosso planeta e irá ser lida uma mensagem de alerta.
Os especialistas dizem que um verdadeiro tratado deverá ser:
a) Justo - 200 mil milhões de dolares em financiamentos ambientais para os países mais pobres.
b) Ambicioso – Um limite máximo de emissões de carbono até 2015 e um nível de segurança de carbono na atmosfera não superior a 350 ppm (parte por milhão).
c) Vinculativo – Com força legal.
Estes eventos em todo o mundo irão culminar numa vigília especial conduzida pelo prémio Nobel da Paz, Desmond Tutu e a antiga comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Mary Robinson, junto à sede da cimeira em Copenhaga.
“A mensagem das pessoas de Lisboa e de todo o mundo para os líderes mundiais é: Queremos um verdadeiro tratado”, diz João Gonçalves, membro da Organização Online Avaaz.org que se encontra a coordenar esta acção global.
“Queremos um acordo que seja suficientemente ambicioso para que o planeta fique mais seguro para todos nós. Que seja justo para os países mais pobres, que não são responsáveis pelas mudanças climáticas, mas que são os mais atingidos. E vinculativo, com metas reais e objectivas que sejam impostas por lei”, acrescenta.
Esta vigília em Lisboa será organizada por João Gonçalves e Ricardo Salta, dois representantes da Avaaz.org em Portugal e será aberta a todos os que se preocupam com o futuro do nosso planeta.
A Quercus - ANCN, que está a acompanhar a Cimeira do Clima directamente a partir de Copenhaga, participará também nesta vígilia, através do Núcleo Regional de Lisboa.
Segundo Francisco Ferreira: "A próxima semana em Copenhaga é decisiva para conseguir um acordo climático que assegure um aumento de temperatura do planeta inferior a 2º Celsius. Para isso é necessário que os países desenvolvidos decidam uma redução de emissões de gases de efeito de estufa perto dos 40% até 2020, em relação a 1990, e que suportem financeiramente os países em desenvolvimento para que estes possam ter um crescimento económico menos assente na queima de combustíveis fósseis e se adaptem à mudança do clima."
O evento será simples, breve e eficaz: Na hora marcada, todos os participantes acenderão uma vela pelo planeta. Simultaneamente, pessoas em todos os cantos do mundo, irão realizar acções similares, desde monges na Índia até a agricultores em França.
Mais informações: www.avaaz.org
Custos para reduzir emissões são agora muito mais baixos
A Quercus e as outras ONGs Europeias presentes em Copenhaga exigem um maior empenho da União Europeia nas negociações climáticas e para isso é necessário que a Europa “acorde”. Os pontos fundamentais sobre os quais a União Europeia, na Cimeira em Bruxelas a ter lugar amanhã e sexta-feira (10 e 11 de Dezembro), com Primeiros-Ministros ou Chefes de Estado, precisa de melhorar ou clarificar as suas posições são:
1. Meta de redução. A UE tem de actualizar o seu objectivo de redução para 2020. A recessão económica fez reduzir drasticamente os custos de atingir uma redução de 30% de emissões de gases de efeito de estufa, ou de um objectivo ainda mais elevado. Neste momento, o objectivo de redução de 20% representa pouco mais do que a continuação da tendência de crescimento actual. Uma verdadeira liderança europeia forte, aqui em Copenhaga, significa um acordo numa redução de pelo menos 40% em 2020, em relação a 1990. Só assim a Europa está em linha com o que a ciência afirma ser necessário para ficar abaixo de um aquecimento global inferior a 2 graus Celsius.
Clareza na contabilização das metas. A UE tem de assegurar clareza na definição da base de contabilização das emissões no sector de Uso do Solo, Alterações do Uso do Solo e Floresta (LULUCF, da sigla em inglês) e que essa base reflicta as emissões reais para a atmosfera.
A UE tem de acordar numa solução para o excedente das Unidades de Quantidade Atribuída (AAUs) (excedentes de direitos de emissão em alguns países desenvolvidos) que não ponha em causa a integridade das metas dos países industrializados no próximo regime climático pós-2012.
2. Financiamento. Apenas promessas de financiamento para curto prazo não são suficientes. Nesta Cimeira a UE tem de dizer qual vai ser a sua parte do novo e previsível financiamento a partir de 2013.
Clareza no financiamento. Este financiamento à ajuda climática nos países em desenvolvimento tem de ser novo e adicional em relação aos compromissos já assumidos de Ajuda ao Desenvolvimento (pelo menos 0,7% do PIB).
Esperamos que a Cimeira de Copenhaga, que já decorre desde segunda-feira, inspire a Cimeira de Chefes de Estado em Bruxelas a acontecer nos últimos dias desta semana, constituindo um passo fundamental para determinar as posições da UE aqui em Copenhaga.
Copenhaga, 9 de Dezembro de 2009
A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
Francisco Ferreira em directo a partir de Copenhaga no Bom Dia Portugal de hoje, na RTP:
Vídeo integral- a partir dos 30 seg - destaque para o início da Cimeira de Copenhaga. Aos 2 min. e 37 seg. a intervenção de Francisco Ferreira com vídeo em directo a partir de Copenhaga.
Gravado hoje, dia 7 de Dezembro, a partir de Copenhaga.
A Quercus entrega hoje cinco presentes ao Primeiro-Ministro: uma calculadora solar, uma lâmpada economizadora LED, um carregador solar de telemóvel, um sobreiro para plantar e um cheque de 195 mil milhões de dólares por assinar. Espera-se que José Sócrates fique assim alerta para as principais questões da Cimeira sobre Alterações Climáticas, que a Quercus irá acompanhar a partir de Copenhaga.
Tem início na próxima segunda-feira, dia 7 de Dezembro, a 15ª reunião da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP15) em Copenhaga, Dinamarca. Até dia 18 de Dezembro, os países de todo o mundo vão ter de acordar numa nova meta de redução de gases de efeito de estufa que continue e supere o trabalho começado pelo Protocolo de Quioto.
A Quercus e a Objectivo 2015 - Campanha do Milénio das Nações Unidas - apelam ao Sr. Primeiro-Ministro para que Portugal contribua activamente para uma posição mais ambiciosa da União Europeia e faça investimentos coerentes em termos de política energética e ambiental no combate às alterações climáticas.
É neste sentido que a Quercus entrega hoje, em São Bento, pelas 15 horas, os presentes ao Sr. Primeiro-Ministro José Sócrates, que já confirmou a sua presença em Copenhaga. Estas ofertas servirão para relembrar as grandes questões que vão ser decididas pelos Chefes de Estado na Cimeira e que afectarão o futuro da Terra e da Humanidade.
1º Presente – Calculadora solar – Para que não se engane nas contas
Os cientistas afirmam que o aumento da temperatura do planeta tem de ser inferior a 2ºC, para que seja possível evitar as consequências catastróficas das alterações climáticas. Para tal, é necessário que os países desenvolvidos acordem uma redução entre 25% a 40% das suas emissões de gases de efeito de estufa até 2020, com base nos valores de 1990. A União Europeia deverá elevar consideravelmente o seu nível de ambição, chegando aos 40%, dos quais 30% devem ser assegurados através de um esforço interno e apenas os restantes 10% pela aquisição de créditos externos de carbono.
2º Presente – Lâmpada LED
Mais decisiva ainda do que as energias renováveis, a aposta na eficiência energética é onde os investimentos têm uma melhor relação de custo-eficácia, a começar por Portugal. É necessário que esta seja uma prioridade mais visível e que faça parte dos grandes objectivos para todos os países na redução das necessidades em energia primária.
3º Presente – Carregador solar de telemóvel
A aposta nas energias renováveis em todo o mundo é fundamental. É indispensável que os países desenvolvidos acordem um fundo tecnológico que ajude os países em desenvolvimento num futuro menos dependente de combustíveis fósseis, isto é, com menores emissões de carbono.
4º Presente – Um Quercus suber (sobreiro) para plantar
As florestas podem ter uma importante contribuição na redução das concentrações de dióxido de carbono na atmosfera. Portugal, com um terço do território ocupado por área florestal, deve no entanto defender uma forma de contabilização do contributo das florestas na redução das emissões que seja simples, transparente e baseada numa referência histórica.
5º Presente – Um cheque de 195 mil milhões de dólares por assinar
São necessários 195 mil milhões de dólares por ano para ajudar os países em desenvolvimento na redução das suas emissões e na adaptação aos efeitos das alterações climáticas, que já não se podem evitar. Estes países foram os que menos contribuíram para o problema, mas são os mais afectados por ele. Este montante de apoio adicional à Ajuda Pública para o Desenvolvimento é essencial também para cumprir os Objectivos do Milénio das Nações Unidas até ao ano de 2015. Mais informações na brochura “Alterações Climáticas e Objectivos do Milénio”.
Lisboa, 4 de Dezembro de 2009
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